COMEÇOU: Waldir Maranhão determinou a nulidade das documentações solicitadas pelo colegiado à Procuradoria-Geral da República e ao Supremo Tribunal Federal (STF)
Por: Marcela Mattos, de Brasília
Em nova decisão que enfraquece
ainda mais o processo em tramitação no Conselho de Ética contra o presidente da
Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o vice-presidente da Casa e aliado do
peemedebista, Waldir Maranhão (PP-MA), determinou a nulidade das documentações
solicitadas pelo colegiado à Procuradoria-Geral da República e ao Supremo
Tribunal Federal (STF) e o uso desse material na instrução do processo. Na
prática, o posicionamento de Maranhão limita o escopo das investigações e evita
que as provas da Operação Lava Jato sejam usadas na ação - o que deve tornar
ainda mais difícil a cassação de Cunha.
O
vice-presidente atendeu ao recurso apresentado pelo deputado Carlos Marun
(PMDB-MS), considerado um dos principais braços-direitos de Cunha. Na ação,
Marun argumentou que a instrução do processo contra Cunha deveria se limitar à
imputação original contra ele, que é a de ter mentido à CPI da Petrobras ao
negar a manutenção de contas fora do país.
No
decorrer das investigações da Lava Jato, o PSOL ingressou com novas denúncias
contra Cunha, como a de que ele mentiu também ao negar que o lobista Fernando
Baiano, apontado como o operador do PMDB no pagamento de propinas no petrolão,
tenha ido em sua casa.
Em depoimento ao Conselho de Ética
no início deste mês, o doleiro Leonardo Meirelles reforçou ao Conselho de Ética
as denúncias de que Cunha foi beneficiário de 5,1 milhões de dólares pagos por
intermédio do doleiro Alberto Youssef, pivô do propinoduto que sangrou os
cofres da maior estatal brasileira.
No
entanto, com a decisão de Maranhão, nem as novas denúncias nem as revelações
feitas pelo doleiro podem ser levadas em consideração no relatório final do
processo por quebra de decoro parlamentar.
"Na
linha do que é alegado na questão de ordem, as diligências e a instrução
probatória a serem promovidas pelo relator e pelo Conselho de Ética devem se
limitar a elucidar os fatos pertinentes à única imputação considerada apta no
parecer preliminar", escreveu Maranhão na decisão. "Os documentos
solicitados ao Ministério Público e ao Supremo Tribunal Federal dos autos de
processo envolvendo o representado somente poderão ser considerados pelo
relator e incorporados aos autos àqueles nos quais seus elementos mantenham
pertinência à única imputação admitida contra o representado", continuou.
O
colegiado ainda tenta ouvir outros delatores de Cunha, entre eles o lobista
Fernando Baiano. Apesar da decisão da cúpula da Câmara, o depoimento de Baiano,
se de fato ocorrer, deve detalhar a manutenção de contas no exterior por parte
do presidente da Casa.
Impeachment - Waldir
Maranhão foi protagonista de recente reviravolta durante o processo de
impeachment da presidente Dilma Rousseff. Aliado de Cunha, o deputado havia
indicado que seria favorável à ação contra a petista. No entanto, após reunião
com o ex-presidente Lula, ele mudou o voto e decidiu votar contra a ação. Nos
bastidores, fala-se que ele pode ser beneficiado com o apoio do governador do
Maranhão, Flávio Dino, a uma candidatura ao Senado em 2018.
A posição
do vice-presidente da Câmara na votação do impeachment gerou rumores do fim da aliança
entre ele e Cunha. A decisão desta terça-feira, porém, deixa claro que a
parceria continua firme e forte.
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